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Mostrando postagens de janeiro, 2023

Anestesia venenosa

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     Perdida em meio a um labirinto de espinhos venenosos que eu mesma cultivei, e x austa de dar voltas e sempre acabar no mesmo lugar. O desespero me controla e minha angústia é como um fertilizante que faz os espinhos crescerem rápido. Eles se alongam em todas as direções e tomam conta de todo o lugar, sem deixar espaço para nenhum outro ser habita-lo. Sinto-os me perfurarem e atravessarem cada milímetro do meu corpo, liberando em mim uma anestesia alucinógena, que mantém minha mente em alerta, mas não permite que eu mova nenhum músculo. Por mais que eu me esforce, não consigo reproduzir nenhum som, nem mesmo quando um dos espinhos crava em meu peito. Imóvel, tomada pela escuridão que o labirinto projeta em mim, e sem revidar, sinto meu corpo se dividir em partes. O sangue que derrama e inunda todo o chão não sa cia a sede dos espinhos tanto quanto as lágrimas que escorrem pelo resto de minha face.   Marina V. Pintura de Ben Dunwiley

Maresia

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Sou uma alma que vaga perdida A procura de um verdadeiro lar, Me instalando em outros corpos, Passageiros, como ondas do mar, Insistindo em mergulhar ao fundo Mesmo sem ter aprendido a nadar. Dizem que lar é um lugar tranquilo, Seu cheiro é forte como a maresia. O aroma tem efeito de endorfina E embriaga a alma como anestesia, Fazendo o caos que nela reside Se transformar em paz e calmaria. Mas o que eu anseio é diferente, Não me contento em no raso ficar, Meus pés não querem estar ali, Apenas sentindo a água quebrar. Há um sentimento que me guia, E eu, ingênua, o sigo sem hesitar, E me atiro cada vez mais ao fundo, Correndo o risco de me afogar. Logo, meu corpo perde as forças, E, então, é vencido pela exaustão. Meu espírito faminto por exagero Continua preso nessa imensidão, E não quer entrar em consenso, Ainda tentando achar algo intenso. As ondas violentas que assustam Me dão o sentimento de liberdade, Preenchendo o vazio que