Es(t)ilh(aça)
Entre três ou quatro taças de vinho Eu faço poesia do inalcançável. Como qualquer outra poeta, Só me interesso pelo dubitável. Deve ser de minha natureza Me permitir ser tão vulnerável. Mas não vejo a menor graça Naquilo que não me estilhaça. Tudo o que sempre anseio Geralmente me despedaça. A indiferença nunca me atraiu, Dispenso a superficialidade. Por isso me encontro aqui, Fugindo da fria sobriedade. Mas apesar da visão turva, Vejo um vislumbre da verdade. Perdida neste quarto escuro, Rendo-me a mais uma taça, Todos os meus pudores Evaporam como fumaça. Deve ser loucura da minha parte Embriagar-me com a sua farsa. Marina V. Pintura de Wayne Mckenzie