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Reuniversando.

    Reaprendendo a sentir tudo aquilo o que nunca sequer cheguei a aprender de verdade.   É possível imergir em um sentimento sem deixá-lo invadir seus pulmões? É possível se divertir enquanto caminha entre a lucidez e a inconsciência?    Ao atraí-lo para minha órbita, deixei de ser apenas poeira estelar e me tornei um universo inteiro. Já não há porquê temer o impacto de astros que sequer foram nomeados um dia .

A(mar).

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Não sei me manter no raso, Meu desejo é poder adentrar.  Mergulhar de corpo e alma, Como a lua imerge no mar.   Ela não tem medo de águas turvas, Não tem medo do seu balançar. Só quer se fundir com as ondas, E finalmente deixar-se a(mar) . 

Murmúrios Inaudíveis

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Sento-me no chão do quarto E me permito finalmente sentir. Libero meu lado mais vulnerável Depois de há tanto o reprimir. O que sinto já não reconheço, Então na escrita o tento definir. Mergulho em meu próprio caos Na tentativa de o entender, Mas lentamente sou sufocada, Meu corpo não pode se mover. O silêncio quebra meus ossos, O frio vazio congela meu ser, De minha boca saem murmúrios De tudo o que nunca pude dizer. Todas as palavras não ditas Adormecidas em meu peito, Acumularam-se até transbordar, Tornando meu coração estreito, De onde saem gritos de desilusão E um choro eminente isatisfeito . Marina V. Pintura de Daria Pochinskaya

Poetas como eu

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    É difícil, até para poetas como eu, manter o seu caos escondido nas entrelinhas, visível apenas aos olhos certos, porquê toda a sua brutalidade não consegue espremer-se entre palavras bonitas, e acaba tomando todo o espaço para si, ficando completamente à mostra.    E é uma decepção, para poetas como eu, não ser capaz de romantizar em palavras toda a sua crueldade.   Pois, poetas como eu, precisam transformar as suas dores em amores doces, e mesmo depois de tanto te poetizar, você continua deixando um gosto amargo em minha boca.  Marina V. Pintura de Johan Zoffany

Infinito

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    Como algo pode ter o poder de destruir e reconstruir ao mesmo tempo? Ao passar dos anos, observei os meus dois lados se moldarem, de forma brusca. Um obscuro, e o outro cheio de luz.    Cada um com uma forma diferente de pensar, sentir e reagir, e com suas diferentes formas de me persuadir, até conseguir total domínio sobre mim.    Enquanto um lado chuta de forma violenta todas as pedras que encontro pelo caminho, o outro: para, admira suas diferentes formas e cores e recolhe aquelas que julga serem necessárias para o continuar da minha caminhada. Enquanto uma parte traz a calmaria de uma lagoa deserta, a outra é como um mar violento, que devora tudo o que chega ao seu alcance... maaas... quer saber um segredo? Recentemente descobri que essa lagoa tão serena, desagua nesse mesmo mar agitado. Mesmo com suas personalidades diferentes, eles SEMPRE estiveram ligados, um completando o outro, e não delimitados, como eu sempre pensei. E é isso o que me torna e...

Lar

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     Lar , segundo a Wikipédia, significa "uma forma especial de se definir a casa ou os assuntos relacionados a ela, como a convivência com a família e os vizinhos". Significado simples de aprender... se a minha alma não precisasse de algo mais. V enho caminhado há muito tempo, na busca de descobrir a minha própria definição para essa palavra, que embora tão pequena, comporta nela tudo aquilo que eu mais anseio encontrar.      Para alguns, lar é somente um teto e quatro paredes que protegem do sol e da chuva. É um travesseiro macio onde se pode apoiar a cabeça durante a noite, acompanhado de um cobertor quentinho. É verdade que lar pode até morar dentro dessas pequenas coisas, mas também vai muito além de toda essa superficialidade.     Lar, é onde o seu corpo, alma e coração estão seguros, onde a sua voz é ouvida, antes mesmo de que sua boca emita qualquer som, e você consegue se enxergar por inteiro, sem precisar d...

A noite

O ar gelado me envolve,  M e causa arrepios  E inquieta a minha alma.  A Lua me inspira, M e vira do avesso E me mantém a calma.   Presa entre o que é real E o que eu inventei, A razão, eu dispensei. Marina V .

Anestesia venenosa

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     Perdida em meio a um labirinto de espinhos venenosos que eu mesma cultivei, e x austa de dar voltas e sempre acabar no mesmo lugar. O desespero me controla e minha angústia é como um fertilizante que faz os espinhos crescerem rápido. Eles se alongam em todas as direções e tomam conta de todo o lugar, sem deixar espaço para nenhum outro ser habita-lo. Sinto-os me perfurarem e atravessarem cada milímetro do meu corpo, liberando em mim uma anestesia alucinógena, que mantém minha mente em alerta, mas não permite que eu mova nenhum músculo. Por mais que eu me esforce, não consigo reproduzir nenhum som, nem mesmo quando um dos espinhos crava em meu peito. Imóvel, tomada pela escuridão que o labirinto projeta em mim, e sem revidar, sinto meu corpo se dividir em partes. O sangue que derrama e inunda todo o chão não sa cia a sede dos espinhos tanto quanto as lágrimas que escorrem pelo resto de minha face.   Marina V. Pintura de Ben Dunwiley