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Elite

Não existiriam tantos sociopatas por aí, se Deus não tivesse colocado todo o "sentir" do mundo dentro de mim.  Alguém precisa ter muito por aqueles que não tem. Economicamente falando, isso não é bom.  Emocionalmente dizendo, é muito pior.  Faço parte da elite que transborda pelos olhos o que não cabe mais no peito. 

A(mar)

Não sei me manter no raso, Meu desejo é poder adentrar.  Mergulhar de corpo e alma, Como a lua imerge no mar.   Ela não tem medo de águas turvas, Não tem medo do seu balançar. Só quer se fundir com as ondas, E finalmente deixar-se a(mar). 

Vid'água

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O princípio, a essência da vida, Se faz presente nas ondas do mar, Seu sacolejo constante e agitado Faz com que a vida possa circular. Inquieta, vai em direção a costa, Para que a terra ela possa banhar.   Nos rios que no mar desaguam, Ela é a tranquilidade que acalma. O percurso de suas correntezas Leva-a em direção a nossa alma, Adentrando ao nosso interior, Ela leva para longe cada dor.   Fazendo parte do organismo, Ela auxilia no funcionamento. Transportando os nutrientes, E nos mantendo em movimento. Na natureza ela é o elemento, Que faz fluir o sentimento.   É a chuva que cai do céu, A gota que cai do caule da flor, Ou a lágrima que escorre no rosto Por causa de algum desamor.   A água que origina a vida, Como uma mãe gera um filho. Responsável pela fertilidade, Um símbolo de feminilidade.   É a sua existência sagrada Que torna o “existir” possível, Interromper o ciclo da água, É um tanto quanto insensível. Por que você desperdiçaria algo Que é seu princip...

Armadura

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  E assim, o senti perfurar meu coração com um único golpe.  Foi fácil cravar a adaga em meu peito.  Engraçado aquele ter sido o único dia em que não cogitei ter que vestir minha armadura.  Agora, me pergunto por quanto tempo terei de usar esse elmo que mantém minha boca fechada e me impossibilita de respirar.  Temo só conseguir tira-lo novamente, quando o ar em meus pulmões se esvair por completo. Pintura de Greg Manchess

Devaneio.

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  Já não sei diferenciar o que verdadeiramente real e o que é apenas um devaneio criado pela minha própria cabeça. Mas, em todas as circunstâncias, eu continuo sendo invisível, como uma onda oculta no espaço. Escondida entre o brilho das estrelas, inacessível a qualquer lente ou olhar. 

Onda grande.

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Se me conheces o bastante, Sabes que sou pura poesia. Minha forma de sentir é imensa, Entorpecente como a maresia. É preciso de muita coragem Pra adentrar a minha melancolia.  Mas, se tem medo de onda grande, Certamente terá medo de mim. Água batendo na coxa não me basta, O que me preenche é o ir até o fim.                                                                

GPS da alma.

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    Mais do que apenas uma junção de letras, vírgulas e pontos, mais do que apenas palavras espalhadas em um papel em branco. A escrita é como o GPS da alma, que me guia para um lugar distante, calmo e seguro, onde eu posso descansar depois de um longo dia perdida entre o caos de pensar e sentir. É onde posso despejar tudo aquilo que sou, meus medos, arrependimentos, sonhos e desejos. É onde tudo se torna realidade e o impossível se torna possível, por pelo menos um segundo. Quando escrevo sinto o mundo inteiro a minha volta silenciar, fico mais forte do que nunca! Não me importo em ser imprudente, vulnerável, melancólica ou qualquer outro predicativo usado para se referir a poetas como eu. Sou só eu e a escrita. A escrita que me é tão importante para viver quanto o ar que respiro e que me transforma em poesia, trazendo-me a calmaria e o equilíbrio. Tenho fome de literatura, o meu espírito anseia pela arte de tocar as pessoas com tudo aquilo que a minha alma está cheia de v...

Murmúrios Inaudíveis

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Sento-me no chão do quarto E me permito finalmente sentir. Libero meu lado mais vulnerável Depois de há tanto o reprimir. O que sinto já não reconheço, Então na escrita o tento definir. Mergulho em meu próprio caos Na tentativa de o entender, Mas lentamente sou sufocada, Meu corpo não pode se mover. O silêncio quebra meus ossos, O frio vazio congela meu ser, De minha boca saem murmúrios De tudo o que nunca pude dizer. Todas as palavras não ditas Adormecidas em meu peito, Acumularam-se até transbordar, Tornando meu coração estreito, De onde saem gritos de desilusão E um choro eminente isatisfeito . Marina V. Pintura de Daria Pochinskaya

Poetas como eu

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    É difícil, até para poetas como eu, manter o seu caos escondido nas entrelinhas, visível apenas aos olhos certos, porquê toda a sua brutalidade não consegue espremer-se entre palavras bonitas, e acaba tomando todo o espaço para si, ficando completamente à mostra.    E é uma decepção, para poetas como eu, não ser capaz de romantizar em palavras toda a sua crueldade.   Pois, poetas como eu, precisam transformar as suas dores em amores doces, e mesmo depois de tanto te poetizar, você continua deixando um gosto amargo em minha boca.  Marina V. Pintura de Johan Zoffany

Infinito

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    Como algo pode ter o poder de destruir e reconstruir ao mesmo tempo? Ao passar dos anos, observei os meus dois lados se moldarem, de forma brusca. Um obscuro, e o outro cheio de luz.    Cada um com uma forma diferente de pensar, sentir e reagir, e com suas diferentes formas de me persuadir, até conseguir total domínio sobre mim.    Enquanto um lado chuta de forma violenta todas as pedras que encontro pelo caminho, o outro: para, admira suas diferentes formas e cores e recolhe aquelas que julga serem necessárias para o continuar da minha caminhada. Enquanto uma parte traz a calmaria da foz de um rio parado, a outra é como um mar violento, que devora tudo o que chega ao seu alcance. Mas... descobri! Descobri que esse rio tão sereno desagua nesse mesmo mar agitado. Mesmo com suas personalidades diferentes, eles SEMPRE estiveram ligados, um completando o outro, e não delimitados, como eu sempre pensei. E é isso o que me torna eu.   Não há nada que...

Lar

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     Lar , segundo a Wikipédia, significa "uma forma especial de se definir a casa ou os assuntos relacionados a ela, como a convivência com a família e os vizinhos". Significado simples de aprender... se a minha alma não precisasse de algo mais. V enho caminhado há muito tempo, na busca de descobrir a minha própria definição para essa palavra, que embora tão pequena, comporta nela tudo aquilo que eu mais anseio encontrar.      Para alguns, lar é somente um teto e quatro paredes que protegem do sol e da chuva. É um travesseiro macio onde se pode apoiar a cabeça durante a noite, acompanhado de um cobertor quentinho. É verdade que lar pode até morar dentro dessas pequenas coisas, mas também vai muito além de toda essa superficialidade.     Lar, é onde o seu corpo, alma e coração estão seguros, onde a sua voz é ouvida, antes mesmo de que sua boca emita qualquer som, e você consegue se enxergar por inteiro, sem precisar d...

A noite

O ar gelado me envolve,  M e causa arrepios  E inquieta a minha alma.  A Lua me inspira, M e vira do avesso E me mantém a calma.   Presa entre o que é real E o que eu inventei, A razão, eu dispensei. Marina V .

Anestesia venenosa

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     Perdida em meio a um labirinto de espinhos venenosos que eu mesma cultivei, e x austa de dar voltas e sempre acabar no mesmo lugar. O desespero me controla e minha angústia é como um fertilizante que faz os espinhos crescerem rápido. Eles se alongam em todas as direções e tomam conta de todo o lugar, sem deixar espaço para nenhum outro ser habita-lo. Sinto-os me perfurarem e atravessarem cada milímetro do meu corpo, liberando em mim uma anestesia alucinógena, que mantém minha mente em alerta, mas não permite que eu mova nenhum músculo. Por mais que eu me esforce, não consigo reproduzir nenhum som, nem mesmo quando um dos espinhos crava em meu peito. Imóvel, tomada pela escuridão que o labirinto projeta em mim, e sem revidar, sinto meu corpo se dividir em partes. O sangue que derrama e inunda todo o chão não sa cia a sede dos espinhos tanto quanto as lágrimas que escorrem pelo resto de minha face.   Marina V. Pintura de Ben Dunwiley

Maresia

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Sou uma alma que vaga perdida A procura de um verdadeiro lar, Me instalando em outros corpos, Passageiros, como ondas do mar, Insistindo em mergulhar ao fundo Mesmo sem ter aprendido a nadar. Dizem que lar é um lugar tranquilo, Seu cheiro é forte como a maresia. O aroma tem efeito de endorfina E embriaga a alma como anestesia, Fazendo o caos que nela reside Se transformar em paz e calmaria. Mas o que eu anseio é diferente, Não me contento em no raso ficar, Meus pés não querem estar ali, Apenas sentindo a água quebrar. Há um sentimento que me guia, E eu, ingênua, o sigo sem hesitar, E me atiro cada vez mais ao fundo, Ciente de que vou me afogar. Logo, meu corpo perde as forças, E, então, é vencido pela exaustão. Meu espírito faminto por exagero Continua preso nessa imensidão, E não quer entrar em consenso, Ainda tentando achar algo intenso. As ondas violentas que assustam Me dão o sentimento de liberdade, Preenchendo o vazio que ca...