Anestesia venenosa

Perdida em meio a um labirinto de espinhos venenosos que eu mesma cultivei, e x austa de dar voltas e sempre acabar no mesmo lugar. O desespero me controla e minha angústia é como um fertilizante que faz os espinhos crescerem rápido. Eles se alongam em todas as direções e tomam conta de todo o lugar, sem deixar espaço para nenhum outro ser habita-lo. Sinto-os me perfurarem e atravessarem cada milímetro do meu corpo, liberando em mim uma anestesia alucinógena, que mantém minha mente em alerta, mas não permite que eu mova nenhum músculo. Por mais que eu me esforce, não consigo reproduzir nenhum som, nem mesmo quando um dos espinhos crava em meu peito. Imóvel, tomada pela escuridão que o labirinto projeta em mim, e sem revidar, sinto meu corpo se dividir em partes. O sangue que derrama e inunda todo o chão não sa cia a sede dos espinhos tanto quanto as lágrimas que escorrem pelo resto de minha face. Marina V. Pintura de Ben Dunwiley