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Armadura

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  E assim, o senti perfurar meu coração com um único golpe.  Foi fácil cravar a adaga em meu peito.  Engraçado aquele ter sido o único dia em que não cogitei ter que vestir minha armadura.  Agora, me pergunto por quanto tempo terei de usar esse elmo que mantém minha boca fechada e me impossibilita de respirar.  Temo só conseguir tira-lo novamente, quando o ar em meus pulmões se esvair por completo. Pintura de Greg Manchess

Devaneio.

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  Já não sei diferenciar o que verdadeiramente real e o que é apenas um devaneio criado pela minha própria cabeça. Mas, em todas as circunstâncias, eu continuo sendo invisível, como uma onda oculta no espaço. Escondida entre o brilho das estrelas, inacessível a qualquer lente ou olhar. 

Onda grande.

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Se me conheces o bastante, Sabes que sou pura poesia. Minha forma de sentir é imensa, Entorpecente como a maresia. É preciso de muita coragem Pra adentrar a minha melancolia.  Mas, se tem medo de onda grande, Certamente terá medo de mim. Água batendo na coxa não me basta, O que me preenche é o ir até o fim.                                                                

GPS da alma.

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    Mais do que apenas uma junção de letras, vírgulas e pontos, mais do que apenas palavras espalhadas em um papel em branco. A escrita é como o GPS da alma, que me guia para um lugar distante, calmo e seguro, onde eu posso descansar depois de um longo dia perdida entre o caos de pensar e sentir. É onde posso despejar tudo aquilo que sou, meus medos, arrependimentos, sonhos e desejos. É onde tudo se torna realidade e o impossível se torna possível, por pelo menos um segundo. Quando escrevo sinto o mundo inteiro a minha volta silenciar, fico mais forte do que nunca! Não me importo em ser imprudente, vulnerável, melancólica ou qualquer outro predicativo usado para se referir a poetas como eu. Sou só eu e a escrita. A escrita que me é tão importante para viver quanto o ar que respiro e que me transforma em poesia, trazendo-me a calmaria e o equilíbrio. Tenho fome de literatura, o meu espírito anseia pela arte de tocar as pessoas com tudo aquilo que a minha alma está cheia de v...

Reuniversando.

    Reaprendendo a sentir tudo aquilo o que nunca sequer cheguei a aprender de verdade.   É possível imergir em um sentimento sem deixá-lo invadir seus pulmões? É possível se divertir enquanto caminha entre a lucidez e a inconsciência?    Ao atraí-lo para minha órbita, deixei de ser apenas poeira estelar e me tornei um universo inteiro. Já não há porquê temer o impacto de astros que sequer foram nomeados um dia .

A(mar).

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Não sei me manter no raso, Meu desejo é poder adentrar.  Mergulhar de corpo e alma, Como a lua imerge no mar.   Ela não tem medo de águas turvas, Não tem medo do seu balançar. Só quer se fundir com as ondas, E finalmente deixar-se a(mar) . 

Murmúrios Inaudíveis

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Sento-me no chão do quarto E me permito finalmente sentir. Libero meu lado mais vulnerável Depois de há tanto o reprimir. O que sinto já não reconheço, Então na escrita o tento definir. Mergulho em meu próprio caos Na tentativa de o entender, Mas lentamente sou sufocada, Meu corpo não pode se mover. O silêncio quebra meus ossos, O frio vazio congela meu ser, De minha boca saem murmúrios De tudo o que nunca pude dizer. Todas as palavras não ditas Adormecidas em meu peito, Acumularam-se até transbordar, Tornando meu coração estreito, De onde saem gritos de desilusão E um choro eminente isatisfeito . Marina V. Pintura de Daria Pochinskaya

Poetas como eu

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    É difícil, até para poetas como eu, manter o seu caos escondido nas entrelinhas, visível apenas aos olhos certos, porquê toda a sua brutalidade não consegue espremer-se entre palavras bonitas, e acaba tomando todo o espaço para si, ficando completamente à mostra.    E é uma decepção, para poetas como eu, não ser capaz de romantizar em palavras toda a sua crueldade.   Pois, poetas como eu, precisam transformar as suas dores em amores doces, e mesmo depois de tanto te poetizar, você continua deixando um gosto amargo em minha boca.  Marina V. Pintura de Johan Zoffany