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Profundezas inabitáveis.

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       Agora, neste momento, me encontro há oceanos de distância, totalmente absorta neste devaneio aquoso que fantasiei. Sentada na areia da praia, ainda não tão acomodada a sua rispidez fora do normal contra meu corpo, tampouco acostumada com as rajadas de ar frio que penetram minha pele e que parecem chegar até meus órgãos, congelando-os.     Apesar dos desconfortos, permaneço, como um barco encalhado. Movo meus olhos ao redor e tudo o que vejo são ondas violentas e inquietas, cheias de ódio, incompreendidas. Engraçado dizer que ao ao invés de me assustarem, elas parecem me chamar, como se de alguma forma desejassem me possuir.     A lgumas finalmente vêm até a costa, ameaçam molhar meus pés, mas não os molham. Parecem, em minha opinião, ligeiramente assustadas. Mais uma vem até mim e quebra há alguns centímetros dos meus pés. Logo em seguida, outra... forte o suficiente apenas para encostar em meu calcanhar e deslizar de volta ao seu lugar de origem.     Não é cômico que sua intens

Devaneio.

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  Já não sei diferenciar o que verdadeiramente real e o que é apenas um devaneio criado pela minha própria cabeça. Mas, em todas as circunstâncias, eu continuo sendo invisível, como uma onda oculta no espaço. Escondida entre o brilho das estrelas, inacessível a qualquer lente ou olhar. 

Onda grande.

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Se me conheces o bastante, Sabes que sou pura poesia. Minha forma de sentir é imensa, Entorpecente como a maresia. É preciso de muita coragem Pra adentrar a minha melancolia.  Mas, se tem medo de onda grande, Certamente terá medo de mim. Água batendo na coxa não me basta, O que me preenche é o ir até o fim.                                                                

Amores de verão.

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Chega como brisa fresca, Num fim de tarde qualquer. Vem de forma inesperada, Sem dizer bem o que quer. Te olha de canto na piscina, Ou te esbarra de frente pro mar. Traz de lado as malas prontas E diz que não pode demorar.  Seu toque macio traz urgência. A pressa por sentir mais. O desejo de imergir em seu corpo E palpar tudo o que for capaz. É avassalador,  É feroz,  É inquieto.  É seguro, É confortável, É pacífico.  Faz gritar, mas é calmo.    Te faz suar, mas é suave.  Te molha, mas é quente.                                                          (É rápido, mas é amor.) Chegado o p ôr do sol, Ele também precisa partir. Deixando apenas a memória Do que um dia chegou a existir.

GPS da alma.

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    Mais do que apenas uma junção de letras, vírgulas e pontos, mais do que apenas palavras espalhadas em um papel em branco. A escrita é como o GPS da alma, que me guia para um lugar distante, calmo e seguro, onde eu posso descansar depois de um longo dia perdida entre o caos de pensar e sentir. É onde posso despejar tudo aquilo que sou, meus medos, arrependimentos, sonhos e desejos. É onde tudo se torna realidade e o impossível se torna possível, por pelo menos um segundo. Quando escrevo sinto o mundo inteiro a minha volta silenciar, fico mais forte do que nunca! Não me importo em ser imprudente, vulnerável, melancólica ou qualquer outro predicativo usado para se referir a poetas como eu. Sou só eu e a escrita. A escrita que me é tão importante para viver quanto o ar que respiro e que me transforma em poesia, trazendo-me a calmaria e o equilíbrio. Tenho fome de literatura, o meu espírito anseia pela arte de tocar as pessoas com tudo aquilo que a minha alma está cheia de vontade de

Luto.

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   É uma manhã de sábado, eu acordo sonolenta, por volta das seis horas da manhã, escutando a sua voz, me chamando, de forma sutil. Quando meu corpo ganha coragem o suficiente para abrir os meus olhos, eu me vejo sozinha. Completamente sozinha. Assim como em todas as manhãs passadas. Retiro o lençol azul que cobria a minha face e escuto alguns ruídos. Ruídos que vêm da cozinha, da casa dos vizinhos, dos pássaros... Mas nenhum deles se parece com o barulho dos seus passos vindo em minha direção. E se parecessem, significaria que eu estou apenas sonhando mais uma vez.     Levanto-me e arrasto o meu corpo até o banheiro, evito encarar o espelho, porque tudo o que vejo atrás do meu olhar morto e cheio de olheiras, é você. Encho minhas mãos de água e as levo até meu rosto, esfregando-o com força, já sabendo que terei de enfrentar mais um dia escuro, onde só encontrarei um pouco de paz, quando a noite chegar e eu finalmente puder dormir.    M inhas manhãs vêm sendo assim há quase um mês, des

Reuniversando.

    Reaprendendo a sentir tudo aquilo o que nunca sequer cheguei a aprender de verdade.   É possível imergir em um sentimento sem deixá-lo invadir seus pulmões? É possível se divertir enquanto caminha entre a lucidez e a inconsciência?    Ao atraí-lo para minha órbita, deixei de ser apenas poeira estelar e me tornei um universo inteiro. Já não há porquê temer o impacto de astros que sequer foram nomeados um dia .

A(mar).

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Não sei me manter no raso, Meu desejo é poder adentrar.  Mergulhar de corpo e alma, Como a lua imerge no mar.   Ela não tem medo de águas turvas, Não tem medo do seu balançar. Só quer se fundir com as ondas, E finalmente deixar-se a(mar) .